sexta-feira, 11 de junho de 2010

DEPOIMENTO DE UMA JOVEM ÍNDIA


É  com imenso prazer que conto um pouco da história do meu povo

 Sou Neilane, da Etnia Makuusi, de Roraima, nasci na maloca do Contão, município de Pacaraima, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, tenho 19 anos  e hoje moro em Brasília, porque meu pai está trabalhando no Ministério do Meio Ambiente. Quando eu era criança gostava muito de ouvir histórias que meu bisavô contava, ele contou como os karaiwape (os brancos) chegaram na maloca, e disse que eles foram escravos dos brancos,  e foram obrigados a falar português, mas até hoje ainda existem parentes makuusi que falam a língua, conseguimos manter a nossa língua, a cultura, os costumes e as crenças.
 Crescemos ouvindo a historia do kanaimî. O kanaimî é uma pessoa que faz maldade com os outros até a morte, e isso para nós não é uma lenda, mas sim fatos que acontecem quando a maloca está em festa ou não. Temos uma pessoa que é o curandeiro que chamamos de Pajé, ele pode nos avisar quando estamos em perigo, e pode curar as doenças com plantas, e além disso o pajé também pode afastar os kanaimî.
 Existem muitas malocas da etnia makuusi, mas somos todos parentes, e quando estamos em festa, comemoramos juntos com outras etnias, Yekuana, Taurepang, Wapixana, e outras. A bebida típica da região é o Caxiri que é feito de Mandioca, tem também o Mocororó, que é feito da fruta caju, temos o aluá que é feito de milho. A nossa comida típica é a Damurida, que é feita de peixe com pimenta, acompanhada de beiju, que é feito  de  mandioca.
 Durante muito tempo estamos lutando para conseguir manter a nossa tradição, a nossa língua, a nossa cultura e também a nossa identidade, que é muito importante para nós.
 E cada dia que passa estamos tendo a oportunidade de mostrar que somos capazes de conseguir ajudar o nosso povo, muitas vezes somos obrigados a deixar a nossa maloca para estudar na cidade, com o objetivo de trabalhar com a nossa tribo, e ajudar os nossos parentes. É sempre bom saber que existem pessoas que nos olham com muito respeito, e não nos diferenciam porque temos uma cultura, e o modo como vivemos.
 Eu faço faculdade de Ciências Sociais e quero me formar para trabalhar com os povos indígenas, não só na minha maloca, mas em entras regiões.
Agradeço a oportunidade de contar um pouco da história do meu povo para o Douglas e para sua turma de História da FURG.
Neilane

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